Já na Ilha dos Puxadoiros, Júlio introduziu-nos ao ciclo da Salicórnia. A planta germina nos meses de Fevereiro, Março e pode ser colhida até finais de Julho inícios de Agosto. Depois floresce e seca entre os meses de Setembro e Outubro, libertando as sementes que serão as plantas no ano seguinte. Durante os meses mais frios, os campos vão sendo irrigados alternadamente, de acordo com o estado em que as plantas se encontram (mais ou menos hidratadas). Já durante os meses frios e chuvosos, alagam-se os campos (a água impede o sol de vitalizar o solo, evitando o crescimento de espécies indesejáveis).
Bom, a Salicórnia trata-se de uma planta halófita, cuja estrutura alongada se ramifica em pequenos caules suculentos, atingindo cerca de 30 cm de altura. É halófita porque se produz em meio salobro, sendo tolerante a uma concentração de sal de cerca de 70%.
O seu desenvolvimento produz dezenas, senão centenas, de microscópicas sementes que se libertam para as imediações, voando e plantando-se de forma selvagem nestas marinhas. Não é senão uma produção biológica. Mais natural que isto, impossível.
Observando com atenção as plantas, Júlio explicou como se identificam as plantas prontas a cortar e comercializar como produto fresco (capaz de se manter no frio por 20 dias) e as que já se encontram em flor. Como a planta é sazonal, procuraram-se alternativas para estender o seu período de consumos através de produtos transformados, nomeadamente a salicórnia em conserva e salicórnia em pó.
Estas, por se sentirem mais fibrosas ao mastigar, sob a lógica desperdício zero, os fundadores da Horta da Ria exploraram produtos que usufruíssem deste recurso, dando origem à salicórnia em pó (depois de convenientemente desidratada).
O processo de corte era, até 2019, feito manualmente com tesoura. Mas dado o aumento da produção e rentabilidade, a empresa Horta da Ria (em parceria com a Escola Profissional de Aveiro e a Universidade de Aveiro) desenvolveu um protótipo para máquina de corte de salicórnia, o que permite rentabilizar as colheitas “e poupar as nossas costas e mãos”.
Dos garrafões de água à tonelada que se apanhou no ano de 2019, a empresa vê-se, humildemente, num desenvolvimento que muito contribui para a boa manutenção das marinhas, hoje muito abandonadas. Hoje, a Horta da Ria comercializa salicórnia fresca, salicórnia em conserva e salicórnia em pó.
Observando com atenção as plantas, Júlio explicou como se identificam as plantas prontas a cortar e comercializar como produto fresco (capaz de se manter no frio por 20 dias) e as que já se encontram em flor. Como a planta é sazonal, procuraram-se alternativas para estender o seu período de consumos através de produtos transformados, nomeadamente a salicórnia em conserva e salicórnia em pó.
Júlio Coelho, professor de educação física e fundador da Associação Quinto Palco, é um dos criadores da empresa Horta da Ria. O desafio de conhecer as potencialidades da Ria de Aveiro, levaram-no à ideia que surgiu em 2013.
O nome da ideia/empresa era SalVerde e pretendia produzir e comercializar a salicórnia como um vegetal substituto do sal.
Em 2015 deram corpo a esta ideia e em 2016 surgem os primeiros passos na produção e recolha da salicórnia na Ilha dos Puxadoiros, logo depois do regresso de Júlio de uma estada semestral na Índia, enquanto treinador/formador da NBA. Em 2017 é criada a empresa Horta da Ria e é formalizada a parceria com a Ilha dos Puxadoiros, o que permitiu um crescimento sustentado.
Fonte: https://www.23milhas.pt/historia/olhar-por-dentro-a-salicornia-da-horta-da-ria-com-julio-coelho/